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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

impossível acreditar que não fosse de conhecimento dos escalões superiores do governo Simão Jatene – e do próprio governador.


Coube ao secretário estadual de Saúde, Hélio Franco, protagonizar um hiato de sanidade, lamentavelmente tardio, ao declarar, em nota oficial, que a superlotação na UTI Neonatal, a Unidade de Terapia Intensiva, não poderia ser motivo para que a paciente deixasse de ser atendida. "Ela deveria, pelo menos, ter sido encaminhada para um leito, até que se procedesse a transferência para um hospital regulado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente levando-se em consideração o fato de ser uma gravidez de risco", acrescenta a nota oficial. Pelo que se sabe sobre Hélio Franco, como médico e ser humano, esse deve ser o procedimento correto, em situações análogas a da jovem mãe dos bebês mortos, tanto quanto deve ser a postura pessoalmente defendida pelo secretário estadual de Saúde. Lamentavelmente, porém, esse procedimento não é respeitado pelas demais instâncias da cadeia de comando da saúde pública no Pará, até pela dualidade de poder com a qual insiste em conviver Hélio Franco, cuja secretária adjunta, Rosemary Góes, porta-se como se fosse a secretária de fato, mais por implicações políticas que por méritos profissionais, convém sublinhar. Nada permite crer, porém, que o desrespeito continuado a esse correto procedimento não fosse do conhecimento do secretário estadual de Saúde, como parte da cota de concessões que inexplicavelmente ele parece se impor.
É emblemático desse desrespeito a postura adotada em um primeiro momento pela presidente da Santa Casa de Misericórdia do Pará, Maria do Carmo Mendes Lobato, quando confrontada com as circunstâncias em que se deu a morte dos dois bebês, cuja mãe não conseguiu ser atendida tanto no Hospital das Clínicas como na própria Santa Casa. Ela sequer se permitiu verbalizar a ressalva feita pelo secretário estadual de Saúde, de acordo com a qual a superlotação na UTI Neonatal não poderia ser motivo para que a paciente deixasse de ser atendida. Além de bradar como mantra a alegação da superlotação da UTI Neonatal, sua preocupação foi negar o óbvio, que foi a detenção da obstetra Cynthia Lins, permitindo-se ainda o requinte de omitir a identificação da médica detida, um absurdo que a grande imprensa paraense se permitiu engolir goela abaixo, em um primeiro momento. As próprias declarações de Cynthia Lins, ao negar a omissão de socorro que os fatos evidenciam, ilustram o corporativismo insano e o menosprezo aos pacientes que se disseminam na saúde pública do Pará, em escala que é impossível acreditar que não fosse de conhecimento dos escalões superiores do governo Simão Jatene – e do próprio governador. Mas como nada disso afeta Simão Jatene, um notório hipocondríaco, porque tem ao seu dispor todo um aparato que o cargo lhe proporciona, ele só foi tomado pela suposta indignação que lhe foi atribuída quando entreviu a possibilidade da morte dos bebês repercutir negativamente na opinião pública e extrapolar as fronteiras do Pará, tal qual acabou por ocorrer.



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