Divisão do Pará vai criar um estado violento e outro pobre
Marabá, virtual capital de Carajás, é a quarta cidade na taxa de assassinatos; Tapajós seria o segundo estado mais pobre - só perdendo para Roraima
A divisão do Pará em três será objeto de inédito plebiscito organizado pela Justiça Eleitoral. Mas a quem interessa? No balanço entre vencedores e perdedores, todos ficam com menos e quem paga a conta é o governo federal - ou seja, o contribuinte. Se forem criados, Carajás e Tapajós vão custar aos cofres públicos pelo menos 9 bilhões de reais só para manter a administração dos estados.
Marabá, a virtual capital de Carajás, está no topo da lista dos homicídios. Pelos dados mais recentes do Ministério da Justiça, é, proporcionalmente, a quarta cidade mais violenta do país. Foram 250 assassinatos em 2008 - 125 mortes para cada 100.000 habitantes. Tapajós, ainda que mais tranquilo, seria o segundo estado mais pobre do Brasil, com um Produto Interno Bruto (PIB) de 6,4 bilhões de reais - atrás apenas de Roraima.
Os separatistas dizem que os brasileiros que vivem ao sul não compreendem a realidade da região e que ali estão duas terras prometidas. Para comprovar a tese, usam como argumento a criação de Tocantins. Esquecem que se trata do quarto estado mais pobre do país.
Um estado para recortar
Veja como pode ficar o Pará se o estado for dividido em três
Estado do Pará sem divisão.
Área:
1.247.950 km²
Municípios:
143 municípios
População:
7.581.051 habitantes (2010)
Densidade demográfica:
6,07 hab/ km²
PIB:
58,52 bilhões de reais (2008)
PIB per capita:
7.719 reais
PIB per capita:
7.719 reais
IDH:
0,755 (2005), nível médio
(16º no Brasil)
Senadores: 3
Deputados federais: 17
Deputados estaduais: 41
1.247.950 km²
Municípios:
143 municípios
População:
7.581.051 habitantes (2010)
Densidade demográfica:
6,07 hab/ km²
PIB:
58,52 bilhões de reais (2008)
PIB per capita:
7.719 reais
PIB per capita:
7.719 reais
IDH:
0,755 (2005), nível médio
(16º no Brasil)
Senadores: 3
Deputados federais: 17
Deputados estaduais: 41
ESTADO DO PARÁ DIVIDIDO
Área:
224.631 km²
Municípios:
78 municípios
População:
4.555.000 habitantes (estimados)
Densidade demográfica:
20,27 hab/ km²
PIB:
32,5 bilhões de reais
PIB per capita:
7.135 reais
Senadores: 3
Para cada estado criado
Deputados federais: 8
(número mínimo) para cada estado criado
224.631 km²
Municípios:
78 municípios
População:
4.555.000 habitantes (estimados)
Densidade demográfica:
20,27 hab/ km²
PIB:
32,5 bilhões de reais
PIB per capita:
7.135 reais
Senadores: 3
Para cada estado criado
Deputados federais: 8
(número mínimo) para cada estado criado
Deputados estaduais: 24 (número mínimo) para cada estado criado.
COMO FICARIA O NOVO ESTADO CARAJAS
Área:
296.620 km²
Municípios:
39 municípios
População:
1.650.000 habitantes (estimados)
Densidade demográfica:
5,5 hab/ km²
PIB:
19,6 bilhões de reais
PIB per capita:
12.508,62 reais
Senadores: 3
Deputados federais: 8
(número mínimo)
Deputados estaduais: 24 (número mínimo)
296.620 km²
Municípios:
39 municípios
População:
1.650.000 habitantes (estimados)
Densidade demográfica:
5,5 hab/ km²
PIB:
19,6 bilhões de reais
PIB per capita:
12.508,62 reais
Senadores: 3
Deputados federais: 8
(número mínimo)
Deputados estaduais: 24 (número mínimo)
NOVO ESTADO TAPAJOS
Área:
736.732 km2
Municípios:
27 municípios
População:
1.300.000 habitantes (estimados)
Densidade demográfica:
1,7 hab/ km2
PIB:
6,4 bilhões de reais
PIB per capita:
5.481 reais
Senadores: 3
Deputados federais: 8
(número mínimo)
Deputados estaduais: 24 (número mínimo)
736.732 km2
Municípios:
27 municípios
População:
1.300.000 habitantes (estimados)
Densidade demográfica:
1,7 hab/ km2
PIB:
6,4 bilhões de reais
PIB per capita:
5.481 reais
Senadores: 3
Deputados federais: 8
(número mínimo)
Deputados estaduais: 24 (número mínimo)
Os separatistas dizem que os brasileiros que vivem ao sul não compreendem a realidade da região e que ali estão duas terras prometidas. Para comprovar a tese, usam como argumento a criação de Tocantins. Esquecem que se trata do quarto estado mais pobre do país.
Fonte: IBGE, PNUD, IPE
Encargos - Marcado para dezembro, este será o primeiro plebiscito para definir uma separação estadual. As regras podem ainda não estar claras, mas é certo que novos cargos e encargos vão surgir. E junto, toda uma revigorada classe política, que inclui mais seis vagas para o Senado, dezesseis para a Câmara e 48 para as assembleias estaduais.
Não está decidido se a consulta, prevista para dezembro, irá abranger todo o estado ou só as áreas em questão. As regras serão definidas até julho. No passado, a criação de estados era decisão estrita do poder central e sujeita aos ventos políticos. Foi assim em 1989, quando Tocantins foi desmembrado de Goiás. Então presidente, José Sarney aproveitou a promulgação da Constituição de 1988, que transformava os territórios federais em estados, para encaixar o mais novo estado da federação. Já o desmembramento do Mato Grosso do Sul do Mato Grosso, em 1979, foi um ato da ditadura militar.
Os favoráveis à tripartição, como o deputado Queiroz, querem que a escolha seja local. Não é o que pensa a professora de direito constitucional e eleitoral da Universidade de São Paulo (USP), Mônica Herrman Taggiano. “É bobagem segmentar a discussão. O estado inteiro deve participar, porém, por tradição, estas decisões são casuísticas e políticas”, disse.
Conflitos agrários – Os dois novos estados se sustentariam com a exportação de minérios e grãos e, claro, de gordos repasses federais. Se há riqueza no subsolo e possibilidades de exploração econômica da floresta, sobram conflitos agrários e desmatamentos ilegais. Com uma economia que o coloca em 16º no ranking do Produto Interno Bruto (PIB) dos estados, é no Pará que o convívio entre desiguais é resolvido na bala. No último mês, cinco ambientalistas foram assassinados em emboscadas.
Em Carajás, a campanha pela separação já está nas ruas. Um dos líderes do movimento, o deputado e pecuarista Giovanni Queiroz (PDT), desconversa sobre ser candidato antecipado a primeiro governador. Porém, a todo instante cita José Wilson Siqueira Campos, atual governador e articulador da criação do estado de Tocantins: “Quem sabe um dia eu seja como ele”.
A presença das jazidas da Vale é uma poderosa justificativa para o desejo de autonomia carajaense. Os recursos dos impostos não seriam diluídos com outras áreas mais populosas próximas de Belém, onde vive mais da metade da população do estado. Porém, trata-se de um modelo concentrador por natureza, já que a mineração exige capital intensivo. Ou seja, lucra muito, mas exige pesados investimentos.
O PIB per capita de 12.500 reais de Carajás não se reflete na população. Em Marabá, 42% dos moradores vivem abaixo da linha de pobreza e o estado teria uma economia equiparável com Alagoas e Sergipe, respectivamente em 20º e 21º lugar no Brasil.
Em ambas as regiões, mesmo com a criação de novos empregos, a falta de mão- de- obra especializada obrigaria o deslocamento de 300 000 pessoas, para atuar no nascente funcionalismo público, estima o professor da Universidade Federal do Pará (UF-PA), Roberto Corrêa.
Carajás seria pobre, mas não deficitário. Já Tapajós, estado que muito bem poderia se chamar Belo Monte, em homenagem à hidrelétrica, a dependência do dinheiro federal seria uma questão de sobrevivência. O custeio da máquina pública ali sugaria mais da metade da economia.
Isolada geograficamente, a principal cidade é Santarém, a 800 quilômetros de Belém. Ali, a aposta econômica é na exportação de grãos pelo porto de grande calado da Cargil, que escoa a produção do Centro-Oeste. Aberta pelo militares, a pavimentação da estrada só deve terminar em 2013. “Sempre fomos isolados. Agora temos meios de viver por nós”, diz o deputado Lira Maia (DEM), que lidera o movimento pela independência.
Quem está em uma situação delicada é o governador Simão Jatene (PSDB). Ele optou pelo papel de mediador pensando no futuro. Se o plebiscito englobar o Pará inteiro e a tripartição sair derrotada, Jatene perderia capital político nas regiões separatistas caso se declare contra.
Se a separação vencer, teria mais dois estados para disputar eleições e passaria para seu sucessor um Pará menor, mais fácil de administrar e abastecido pelo retorno de impostos de exportações. Não há garantia de nada. Uma redução no valor das commodities de exportação, em especial ferro e bauxita, jogaria tudo por terra. Ainda restariam as motosserras.
Carlos Silva/Imapress
Mercado Ver-o-Peso, em Belém. Cidade continuaria como referência, até que Marabá e Santarém criassem, com investimentos federais, um aparelho estatal com o mínimo de eficiência. Pesquisador da Universide Federal do Pará acredita que 600 000 pessoas migrariam para os novos estados.
Otávio Dias de Oliveira/Folhapres
Em tempos de alta nas exportações, jazidas de ferro (foto) e bauxita impulsionam a economia na região de Carajás. Todavia, a falta de políticas pública eficientes tornou Marabá, sua principal cidade, na quarta mais violenta do país, com quase metade da população vivendo abaixo da linha de pobreza.
Paulo Santos/Reuters
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) bloqueia passagem de trem carregado com minério de Carajás. Conflitos fundiários e derrubada de florestas para criação extensiva de gado empurram pequenos agricultores para movimentos sociais radicais.
Manoel Marques
Às margens do rio Tapajós, praias de Alter do Chão servem de cartão-postal, mas atraem poucos turistas. Com uma economia precária, só o custo para manter a administração pública sugaria 3,2 bilhões de reais a cada ano.
Fernando Cavalcanti
Início das obras da hidrelétrica de Belo Monte acelera a favelização de Altamira, segunda maior cidade de Tapajós. Aposta na separação criaria, logo de início, o segundo estado mais pobre da federação, atrás apenas de Roraima. Prefeitos discordam dos dados do IBGE para não perder repasses federais
"A unica forma de garantirmos o Estado do Pará gigante, é planejarmos uma capital no epicentro do território, de onde se possa fazer uma gestão equânime dos 143 Municípios".
ResponderExcluirAlmir Gabriel (quando era Governador durante o último mandato)
E POSTULANTE QUANTO GRATIFICANTE VISUALIZAR COMENTÁRIOS DO ILUSTRE SR; ALESSANDRO MARTINS, POIS DO ALTO DO MEU REGIONALISMO CIDADÃO PARAENSE ORGULHOSO DE MEUS ANTEPASSADOS O QUAL COM SEUS ROSTOS BRONZEADOS PELO NOSSO SOL GRANDIOSO TROPICAL NÃO MEDIRAM ESFORÇOS NOS PARA DEIXA ESTE ESTE LEGADO QUE HOJE E O HIPER CENTRO DESTA NAVE CHAMADA PLANETA TERRA AO QUAL MUITOS BRASILEIROS NÃO DÃO SEU REAL VALOR MAIS O MUNDO EM SE ESTA DE OLHOS NESTE OASI QUE MUITO PERTO SERA RECONHECIDA COMO BERÇO, DA HUMANIDADE FUTURA UM GRANDE ABRAÇO AO ILUSTRE PARAENSE ALESSADRO MARTINS.
ResponderExcluirDE: LOPES.